terça-feira, 14 de dezembro de 2010

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

BZ VISÚ


aquele, porque é loiro
o perto da janela, porque tem olhos profundos
o de amarelo, porque parece carente
ali atrás, de barba, porque me deu bola
o de jaqueta de couro, porque adorei a jaqueta
à minha esquerda, baixinho, porque também não sou alta
lá no fundo, cabisbaixo, por causa do silêncio
o que está fumando, porque tem conserto
o de aparelho nos dentes, porque um dia ele tira
aquele meio careca, porque tem seu charme
o de camista rasgada, até mesmo esse
mira, todo homem é quase perfeito

martha medeiros

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

JUST DO IT!!!!!

Just Do It
Copacabana Club
Composição: Camila Cornelsen


just do it
just do it
just do it

just do it do it do it cause you want it
just do it do it do it cause you like it
do it do it do it cause you feel it
not because you saw it

you can do a song
cook your food
clean your house
you can use a thong
be so rude
kiss my mouth

you can pierce your nose
sew your clothes
dance alone
you can make some friends
form a band
or sing along

just do it cause you want it
not because you saw it
just do it cause you want it
not because you saw it, not because you saw it, yeah!

just change it change it change it cause you want it
just change it change it change it cause you like it
change it change it change it cause you feel it
not because you saw it

you can change your hair
change your house
change your life
you can change you sex
change your friends
change your wife

you can change your shoes
change your pants
change your style
you can change your face
change your boobs
change your smile

just change it cause you want it
not because you saw it
just change it cause you want it
not because you saw, not because you saw

terça-feira, 12 de outubro de 2010

domingo, 10 de outubro de 2010

"Você vai estar sempre cheia de lágrimas e migalhas?" Ele é um velho sábio, penso, me lembrando da sua pergunta enquanto o observo dormir. Sim, migalhas são o símbolo eterno da minha mania incontrolável de beliscar comida, e meus seios formam uma boa prateleira para recolhê-las. E também há uma certa constância com relação às lágrimas. Eu tenho o choro tão fácil quanto o sorriso, e quem poderia me dizer por quê? Existe algo muito antigo que ainda me arranha por dentro. Alguma coisa bem lá no fundo de mim. Essas não são as lágrimas ardentes, copiosas e noturnas que ainda choro por minhas antigas feridas. "Quem não tiver nenhuma sobra de antigas feridas levante a mão", disse meu amigo Misha certa noite, após tomar uma dose dupla de vodca. Depois de um dos seus pacientes se suicidar com uma pistola com cabo de madrepérola.
Grande parte do meu choro é de alegria e assombro, não de dor. O lamanto de um trompete, o hálito morno do vento, o som da sineta de uma ovelha errante, a fumaça de uma vela que acabou de se extinguir, a primeira luz da manhã, o crepúsculo, a claridade da lareira. Belezas cotidianas. Eu choro pela embriaguez da vida. E talvez, só um pouquinho, pela rapidez com que ela passa.

(Marlena de Blasi, Mil dias em Veneza)

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

"O homem pensativo e metafórico fixou seu olhar para aquele palco e sentiu algo inevitável, a tomada daquele espaço para o discurso derradeiro antes que o dia amanheça, era uma noite conflituosa para aquele ser que agora não queria mais pensar, e sim falar alto em bom tom de voz. Procuro na escuridão da noite as respostas de minha existência e suas também, o dia está quase amanhecendo lá fora, a diversão dessa noite, o sexo, o bum bum bang bang , a balada e o rock estão para acabar como as bebidas de suas garrafas. E o que vamos fazer depois de tudo além de respirar o oxigênio? Vamos pra casa sem saber que depois de estarmos embriagados fizemos o papel de bobo da corte, agora me resta apenas esse discurso onde tento levar alguns comigo naquilo que penso e tenho como idéia, o mundo depois dessa noite continuará lá fora como se nada tivesse acontecido. Como um intervalo de silêncio no breque de um samba. Enquanto nossas cabeças roda sem parar de pensar um só segundo no que fazer para substituir algo insubstituível que já acontecera em nossas vidas. Parece que nada é como antes, apenas o vazio restou dentro de um ser, desse ser abalado pela existência regrada e ao mesmo tempo desregrada pela súbita vontade de estar entre os três primeiro lugares no ranking da vida. Depois desse discurso padeceu em seu profundo silêncio de não poder deixar de ser um faminto. Um desses que com a alma inquieta, que olha no espelho e vê um homem conservado no sal da vida, bonito e atraente, desgraçado pelo medo das pessoas de se aproximarem por ser apenas belo e aparentemente com cara de querubim. Onde definhou nesse momento com a aparência de um diabo para demonstrar um pouco como é na verdade."

domingo, 5 de setembro de 2010

martha medeiros


aquele poema em que saiu seu nome
não liga não é você
não vou te comprometer com minha ilusão
foi erro de revisão

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Confusão do Estorvo, Barafunda Mental...


"Não tenho nenhuma receita, nenhum facilitador para se entender a vida: ela é confusão mesmo.
A gente avança no escuro, teimosamente, porque recuar não dá. Nesse labirinto a gente encontra o fio de um afeto, pontos de criatividade, explosões de pensamento ou ação que nos iluminem, por um momento que seja. Coisas que nos justifiquem enquanto seres humanos.
Tenho talvez a ingenuidade de acreditar que tudo faz algum sentido, e que nós precisamos descobrir – ou inventá-lo. Qualquer pessoa pode construir a sua “filosofia de vida”. Qualquer pessoa pode acumular vida interior. Sem nenhuma conotação religiosa, mas ética: o que valho, e os outros, o que valem para mim? O que estou fazendo com a minha vida, o que pretendo com ela?
Essa capacidade de refletir, ou de simplesmente aquietar-se para sentir, faz de nós algo além de cabides de roupas ou de idéias alheias. Sempre foi duro vencer o espírito de rebanho, mas esse conflito se tornou esquizofrênico: de um lado precisamos ser como todo mundo, é importante adequar-se, ter seu grupo, pertencer; de outro lado é necessário preservar uma identidade e até impor-se, às vezes transgredir, para sobreviver.
Discernir e escolher fica mais difícil, porque o excesso de informações nos atordoa, a troca de mitos nos esvazia, a variedade de solicitações nos exaure. Para ter algum controle de nossa vida é necessário descobrir quem somos ou queremos ser – à revelia dos modelos generalizantes.
Dura empreitada, num momento em que tudo parece colaborar para que se aceitem modelos prontos para servir. Pensamento independente passou a ser excentricidade, quando não agressão. Família, escola e sociedade deviam desenvolver o distanciamento crítico e a capacidade de avaliar – e questionar – para poder escolher.
Mas, embora a gente se pense tão moderno, não é o que acontece. Alunos (e filhos) questionadores podem ser um embaraço. Preferimos nos tornar membros da vasta confraria da mediocridade, que cultua o mais fácil, o mais divertido, o que todo mundo pensa ou faz, e abafa qualquer inquietação.
Por sorte nossa, aqui e ali aquele olho da angústia mais saudável entreabre sua pesada pálpebra e nos encara irônico: como estamos vivendo a nossa vida, esse breve sopro... e o que realmente pensamos de tudo isso – se por acaso pensamos?"

Lya Luft

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Aline Calixto



sem você

carlinhos brown e arnaldo antunes

pra onde eu vou agora livre mas sem você?
pra onde ir o que fazer como eu vou viver?
eu gosto de ficar só
mas gosto mais de você
eu gosto da luz do sol
mas chove sempre agora
sem você
sem você
sem você
sem você

às vezes acredito em mim mas às vezes não
às vezes tiro o meu destino da minha mão
talvez eu corte o cabelo
talvez eu fique feliz
talvez eu perca a cabeça
talvez esqueça e cresça
sem você
sem você
sem você
sem você

talvez precise de colchão, talvez baste o chão
talvez no vigésimo andar, talvez no porão
talvez eu mate o que fui
talvez imite o que sou
talvez eu tema o que vem
talvez te ame ainda
sem você
sem você
sem você
sem você

domingo, 22 de agosto de 2010

Lobão

Quente

Lobão/Júlio Barroso

Qualquer dia da semana
Um coração vazio
Se enche de amor
Qualquer dia da semana
É primavera
E um coração vazio
É um copo que enche
De inverno o inferno do eterno furor
De viver
Encher nosso copo corpo quente com luz seduz
Num coração com varanda, vista pra frente e jardim
E tudo isso cabe num barracão
Lua que fura e ilumina zinco quente
Eu e você, nossas roupas comuns
Iluminadas pela mesma luz de um lampião
Já passou, não passou
Outro sol, outro

sábado, 14 de agosto de 2010

Clarice again



"Estou me enganando, preciso voltar. Não sinto loucura no desejo de morder estrelas, mas ainda existe a terra. E porque a primeira verdade está na terra e no corpo. Se o brilho das estrelas dói em mim, se é possível essa comunicação distante, é que alguma coisa quase semelhante a uma estrela trêmula dentro de mim. Eis-me de volta ao corpo. Voltar ao meu corpo. Quando me surpreendo ao fundo do espelho assusto-me. Mal posso acreditar que tenho limites, que sou recortada e definida. Sinto-me espalhada no ar, pensando dentro das criaturas, vivendo nas coisas além de mim mesma. Quando me surpreendo ao espelho não me assusto porque me ache feia ou bonita. É que me descubro de outra qualidade. Depois de não me ver há muito quase esqueço que sou humana, esqueço meu passado e sou com a mesma libertação de fim e de consciência quanto uma coisa apenas viva. Também me surpreendo, os olhos abertos para o espelho pálido, de que haja tanta coisa em mim além do conhecido, tanta coisa sempre silenciosa. Por que calada? Essas curvas sob a blusa vivem impunemente? Por que caladas? Minha boca, meio infantil, tão certa de seu destino, continua igual a si mesma apesar de minha distração total. Às vezes, à minha descoberta, segue-se o amor por mim mesma, um olhar constante ao espelho, um sorriso de compreensão para os que me fitam. Período de interrogação ao meu corpo, de gula, de sono, de amplos passeios ao ar livre. Até que uma frase, um olhar — como o espelho — relembram-me surpresa outros segredos, os que me tornam ilimitada. Fascinada mergulho o corpo no fundo do poço, calo todas as suas fontes e sonâmbula sigo por outro caminho. — Analisar instante por instante, perceber o núcleo de cada coisa feita de tempo ou de espaço. Possuir cada momento, ligar a consciência a eles, como pequenos filamentos quase imperceptíveis mas fortes. É a vida? Mesmo assim ela me escaparia. Outro modo de captá-la seria viver. Mas o sonho é mais completo que a realidade, esta me afoga na inconsciência. O que importa afinal: viver ou saber que se está vivendo? — Palavras muito puras, gotas de cristal. Sinto a forma brilhante e úmida debatendo-se dentro de mim. Mas onde está o que quero dizer, onde está o que devo dizer? Inspirai-me, eu tenho quase tudo; eu tenho o contorno à espera da essência; é isso? — O que deve fazer alguém que não sabe o que fazer de si? Utilizar-se como corpo e alma em proveito do corpo e da alma? Ou transformar sua força em força alheia? Ou esperar que de si mesma nasça, como uma conseqüência, a solução? Nada posso dizer ainda dentro da forma. Tudo o que possuo está muito fundo dentro de mim. Um dia, depois de falar enfim, ainda terei do que viver? Ou tudo o que eu falasse estaria aquém e além da vida? — Tudo o que é forma de vida procuro afastar. Tento isolar-me para encontrar a vida em si mesma. No entanto apoiei-me demais no jogo que distrai e consola e quando dele me afasto, encontro-me bruscamente sem amparo. No momento em que fecho a porta atrás de mim, instantaneamente me desprendo das coisas. Tudo o que foi distancia-se de mim, mergulhando surdamente nas minhas águas longínquas. Ouço-a, a queda. Alegre e plana espero por mim mesma, espero que lentamente me eleve e surja verdadeira diante de meus olhos. Em vez de me obter com a fuga, vejo-me desamparada, solitária, jogada num cubículo sem dimensões, onde a luz e a sombra são fantasmas quietos. No meu interior encontro o silêncio procurado. Mas dele fico tão perdida de qualquer lembrança de algum ser humano e de mim mesma, que transformo essa impressão em certeza de solidão física. Se desse um grito — imagino já sem lucidez — minha voz receberia o eco igual e indiferente das paredes da terra. Sem viver coisas eu não encontrarei a vida, pois? Mas, mesmo assim, na solitude branca e limitada onde caio, ainda estou presa entre montanhas fechadas. Presa, presa. Onde está a imaginação? Ando sobre trilhos invisíveis. Prisão, liberdade. São essas as palavras que meocorrem. No entanto não são as verdadeiras, únicas e insubstituíveis, sinto-o. Liberdade é pouco. O que desejo ainda não tem nome. — Sou pois um brinquedo a quem dão corda e que terminada esta não encontrará vida própria, mais profunda. Procurar tranqüilamente admitir que talvez só a encontre se for buscá-la nas fontes pequenas. Ou senão morrerei de sede. Talvez não tenha sido feita para as águas puras e largas, mas para as pequenas e de fácil acesso. E talvez meu desejo de outra fonte, essa ânsia que me dá ao rosto um ar de quem caça para se alimentar, talvez essa ânsia seja uma idéia — e nada mais. Porém — os raros instantes que às vezes consigo de suficiência, de vida cega, de alegria tão intensa e tão serena como o canto de um órgão — esses instantes não provam que sou capaz de satisfazer minha busca e que esta é sede de todo o meu ser e não apenas uma idéia? Além do mais, a idéia é a verdade! grito-me. São raros os instantes. Quando ontem, na aula, repentinamente pensei, quase sem antecedentes, quase sem ligação com as coisas: o movimento explica a forma. A clara noção do perfeito, a liberdade súbita que senti... Naquele dia, na fazenda de titio, quando caí no rio."
* Tentativa de sucumbir ao consumismo de ontem. Porém tenho dito: viva a Schutz e tudo oq ue o dinheiro pode comprar. Viva ainda quem consegue pensar além disso tudo.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Medo sim - Dobradinha de Clarice


"Que medo alegre, o de te esperar."



"O que eu sinto não ajo.
O que ajo não
penso
O que penso não sinto
Do que sei sou ignorante
Do que sinto não ignoro
Não me entendo
E ajo como se me entendesse."

* C. Lispector, minha voz quando eu engasgo.




terça-feira, 10 de agosto de 2010

DO CD DINDINHA

Let It Grow

Ceumar

" Taking time to find the right line
Talking easy with the thoughts
you want to share
Leaning down, feel you growing in my mind
Stealing down, going down,
feel you growing in my mind
It's got to be slow, talking love the only way
It's got to just flow,
making love and taking time
to let it grow
Finding ways to find the real you
Spending days just holding hands
and feeling free
Play around, watch the sunshine
comig through
Come around, stay around,
watch the loving grow with you
Loving you the love you give me
Living loving with the things
we have to share
Poetry, hear the words
you say to me stay with me,
here with me,
keep our loving flowing free "

* nunca tinha prestado atenção na música....

domingo, 8 de agosto de 2010


"Ser veterinário é acreditar na imortalidade da natureza e querer preservá-la. É cuidar de animais e sobretudo amá-los. É não se importar se os animais pensam, mas sim se sofrem. É aproximar-se de instintos e perder medos. É ganhar amigos de pêlo e pena que jamais irão decepcioná-lo. É ter capacidade de compreender gratidões mudas e de adivinhar olhares. É ouvir os miados, mugidos, balidos, relinchos e latidos. É entender os rabos abanando, arranhões carinhosos e mordidas de afeto. Ser veterinário é conviver lado a lado com ensinamentos de amor e de vida."

(canecaria.com.br)



"Apesar de todos os medos, escolho a ousadia. Apesar dos ferros, construo a dura realidade. Prefiro a loucura à realidade, e um par de asas tortas aos limites da comprovação e da segurança. Eu sou assim, pelo menos assim quero me imaginar: a que explode o ponto e arqueia a linha, e traça o contorno que ela mesma há de romper. Desculpem, mas preciso lhes dizer: Eu quero o delírio."


Lya Luft

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Maria Gadú - Encontro

Birthday


11.315 dias de vida

Em 02/08:

Meu presente para mim e presente de mamãe e papai para mim. Faltou os dois na foto, que vieram cedinho como tomar café com salgadinho. =] AMO =]

Namorei a mesa uns 4 meses, valeu a pena. Tenho certeza que será bem usada! Já frequentou algumas estréias extra oficiais...

Uai, isso aqui tá ficando com cara de casa?!? A-do-ro!

domingo, 9 de maio de 2010

Minha flor, por Clarice

"Lembro-me de ti quando eras pequeno, tão pequeno, bonitinho e fraco, abanando o rabo e me olhando, e eu surpreendendo em ti uma nova forma de ter minha alma. Eras todo dia um cachorro que se podia abandonar." Clarice Lispector

obs: Ontem minha flor foi trabalhar comigo, almoçou na casa da minha mãe e mais tarde fomos pro buteco! Lá no bar, virou um corrimão de rodoviária, um sucesso total. Hoje foi na casa da vovó, almoço das mães. Está morta de cansada, coitada! Esse fim de semana exagerou...

Just think

"(...) Seu coração se rebelou por um segundo com a injustiça daquilo tudo, a injustiça de envelhecer. Que disperdício imaginar que todo esforço profissional, todo sucesso financeiro, conquistas amorosas, os sonhos, as noites inflamadas pelo desejo e pela ambição terminem assim, nesta vala comum de queixos duplos, ossos fracos e carne flácida. É como se as mudanças externas, superficiais - o enrugamento da pele, o arquear das costas, a fraqueza das pernas - não bastassem, ainda era preciso computar as mudanças internas - a abominável redução da coragem, a perda do brilho dos olhos, o peso do pessimismo no coração, a impossibilidade de sonhar e o terrível medo do futuro. "Esse é o genuíno envelhecimento", pensou Rusi, " e as mudanças externas não passam de um mero espelho dos corações amarelados e enrugados pelo tempo (...)"

Um lugar para todos
Thrity N. Umrigar

Para entender

FRUGALIDADE
s.f.
Qualidade daquilo que é frugal
Sobriedade; temperança.
Simplicidade de costumes, de vida.