segunda-feira, 13 de setembro de 2010

"O homem pensativo e metafórico fixou seu olhar para aquele palco e sentiu algo inevitável, a tomada daquele espaço para o discurso derradeiro antes que o dia amanheça, era uma noite conflituosa para aquele ser que agora não queria mais pensar, e sim falar alto em bom tom de voz. Procuro na escuridão da noite as respostas de minha existência e suas também, o dia está quase amanhecendo lá fora, a diversão dessa noite, o sexo, o bum bum bang bang , a balada e o rock estão para acabar como as bebidas de suas garrafas. E o que vamos fazer depois de tudo além de respirar o oxigênio? Vamos pra casa sem saber que depois de estarmos embriagados fizemos o papel de bobo da corte, agora me resta apenas esse discurso onde tento levar alguns comigo naquilo que penso e tenho como idéia, o mundo depois dessa noite continuará lá fora como se nada tivesse acontecido. Como um intervalo de silêncio no breque de um samba. Enquanto nossas cabeças roda sem parar de pensar um só segundo no que fazer para substituir algo insubstituível que já acontecera em nossas vidas. Parece que nada é como antes, apenas o vazio restou dentro de um ser, desse ser abalado pela existência regrada e ao mesmo tempo desregrada pela súbita vontade de estar entre os três primeiro lugares no ranking da vida. Depois desse discurso padeceu em seu profundo silêncio de não poder deixar de ser um faminto. Um desses que com a alma inquieta, que olha no espelho e vê um homem conservado no sal da vida, bonito e atraente, desgraçado pelo medo das pessoas de se aproximarem por ser apenas belo e aparentemente com cara de querubim. Onde definhou nesse momento com a aparência de um diabo para demonstrar um pouco como é na verdade."

domingo, 5 de setembro de 2010

martha medeiros


aquele poema em que saiu seu nome
não liga não é você
não vou te comprometer com minha ilusão
foi erro de revisão

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Confusão do Estorvo, Barafunda Mental...


"Não tenho nenhuma receita, nenhum facilitador para se entender a vida: ela é confusão mesmo.
A gente avança no escuro, teimosamente, porque recuar não dá. Nesse labirinto a gente encontra o fio de um afeto, pontos de criatividade, explosões de pensamento ou ação que nos iluminem, por um momento que seja. Coisas que nos justifiquem enquanto seres humanos.
Tenho talvez a ingenuidade de acreditar que tudo faz algum sentido, e que nós precisamos descobrir – ou inventá-lo. Qualquer pessoa pode construir a sua “filosofia de vida”. Qualquer pessoa pode acumular vida interior. Sem nenhuma conotação religiosa, mas ética: o que valho, e os outros, o que valem para mim? O que estou fazendo com a minha vida, o que pretendo com ela?
Essa capacidade de refletir, ou de simplesmente aquietar-se para sentir, faz de nós algo além de cabides de roupas ou de idéias alheias. Sempre foi duro vencer o espírito de rebanho, mas esse conflito se tornou esquizofrênico: de um lado precisamos ser como todo mundo, é importante adequar-se, ter seu grupo, pertencer; de outro lado é necessário preservar uma identidade e até impor-se, às vezes transgredir, para sobreviver.
Discernir e escolher fica mais difícil, porque o excesso de informações nos atordoa, a troca de mitos nos esvazia, a variedade de solicitações nos exaure. Para ter algum controle de nossa vida é necessário descobrir quem somos ou queremos ser – à revelia dos modelos generalizantes.
Dura empreitada, num momento em que tudo parece colaborar para que se aceitem modelos prontos para servir. Pensamento independente passou a ser excentricidade, quando não agressão. Família, escola e sociedade deviam desenvolver o distanciamento crítico e a capacidade de avaliar – e questionar – para poder escolher.
Mas, embora a gente se pense tão moderno, não é o que acontece. Alunos (e filhos) questionadores podem ser um embaraço. Preferimos nos tornar membros da vasta confraria da mediocridade, que cultua o mais fácil, o mais divertido, o que todo mundo pensa ou faz, e abafa qualquer inquietação.
Por sorte nossa, aqui e ali aquele olho da angústia mais saudável entreabre sua pesada pálpebra e nos encara irônico: como estamos vivendo a nossa vida, esse breve sopro... e o que realmente pensamos de tudo isso – se por acaso pensamos?"

Lya Luft